Se os Vingadores são o grupo de amigos perfeitos do Instagram, os Thunderbolts* são aquela turma do WhatsApp que planeja uma festa e termina com a polícia na porta. O novo filme da Marvel, que estreiou nesta quinta (1º), junta os rejeitados, traumatizados e mal comportados do MCU em uma missão que só faz sentido se você aceitar que o mundo pós-Thanos virou um circo sem dono. Dirigido por Jake Schreier (Cidades de Papel), o longa é como um Ocean’s 11 com supersoldados, piadas ácidas e um orçamento que poderia resolver a dívida de um país pequeno.
No centro da trama está Yelena Belova (Florence Pugh), a Viúva Negra 2.0 que herdou o legado (e as roupas justas) da irmã Natasha. Ela divide o holofote com Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal que trocou armas por política – e está descobrindo que Congresso é mais perigoso que a Hydra. Junte a isso John Walker (Wyatt Russell), o ex-Capitão América que perdeu o cargo, a sanidade e o direito de usar vermelho e azul, e você tem uma equipe que precisa de mais terapia do que treinamento.
Mas o caos não para por aí: Alexei Shostakov (David Harbour), o Guardião Vermelho, é um supersoldado russo que age como um pai divorciado tentando impressionar as filhas adultas, enquanto Fantasma (Hannah John-Kamen) usa seus poderes de invisibilidade pra fugir de perguntas incômodas tipo “Cadê você esteve nos últimos 5 filmes?”. E pra completar, Sentinela (Lewis Pullman) é o novato com poder cósmico e a autoestima de um estudante de ensino médio. Quem junta essa galera? Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), a maquiadora de crises que parece ter saído de um reality show de espionagem.

O filme é uma colcha de retalhos de traumas: Yelena luta com o fantasma de Natasha, Bucky tampa buracos no Congresso com o braço mecânico, e John Walker coleciona inimigos como se fossem troféus. Enquanto isso, a Fantasma finalmente brilha (literalmente) após anos esquecida no porão do MCU. As cenas de ação são uma mistura de John Wick e The Office – pense em tiroteios coreografados, perseguições que destroem cidades inteiras, e o Guardião Vermelho derrubando paredes como se fossem de papel higiênico.
Por que assistir? Porque Thunderbolts é a Marvel admitindo que heróis perfeitos são chatos. Aqui, ninguém salva o mundo por nobreza; salvam porque não têm mais nada pra fazer – ou porque a Valentina ameaçou cancelar o Wi-Fi deles. O filme também é um quebra-cabeça do MCU: explica o vazio de poder pós-Vingadores, critica governos obcecados por supersoldados e dá um tapa na cara de quem achou que Homem-Formiga 3 foi profundo.

E prepare-se para o pós-créditos: a cena deve mostrar a equipe discutindo se assina Netflix ou Disney+ no quartel-general. Enquanto isso, a Marvel já avisa: essa turma é o futuro. E se o futuro inclui Yelena encontrando o Homem-Aranha só pra perguntar “Era ESSE o cara que você queria que eu matasse?”, então estamos todos a bordo.
Thunderbolts é como uma festa clandestina: bagunçada, imprevisível e cheia de gente que você não confiaria com suas chaves. Mas é exatamente por isso que é divertido. Assista se você curte ação, piadas que beiram o politicamente incorreto e a certeza de que, no fim, todo mundo precisa de um abraço – ou de um exorcista.